A Organização das Nações Unidas (ONU) saiu em defesa dos cientistas que integram o seu painel do clima, criticados por erros num relatório de 2007 que antecipava a previsão de degelo dos glaciares dos Himalaias do ano 2350 para 2035.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que em 2007 recebeu o Prémio Nobel da Paz juntamente com o ex-Presidente dos EUA Al Gore, “continua a ser, sem dúvida, o maior e mais sólido” instrumento de avaliação das questões climáticas, disse o director do Programa de Ambiente da ONU, Achim Steiner.
As críticas ao IPCC e ao seu presidente, Rajendra Pachauri, atingiram, na opinião de Achim Steiner, “proporções de quase caça às bruxas” e alguns críticos chegaram a comparar a mudança climática a “um boato comparável ao bug do milénio”, escreveu num artigo de opinião distribuído pelo Project Syndicate e citado pela Reuters.
No mês passado, depois de o jornal "The Sunday Times" ter revelado o erro sobre os Himalaias, o IPCC pediu desculpas e reconheceu que o cálculo sobre o degelo estava “pouco fundamentado”.
O erro, disse agora Steiner, foi provocado por um “erro tipográfico”, pela transcrição errada de um artigo científico em que 2350 era trocado por 2035. “O IPCC é tão falível quanto os seres humanos que o compõem”, reforçou. Segundo o diário francês "Le Monde", entre 2007 e 2009 cerca de quatro dezenas de artigos publicados em revistas científicas citaram a data que se revelou errada.
Para Rajendra Pachauri, o erro “não altera a conclusão de que os glaciares estão a derreter”. No relatório de 2007 o IPPC concluía, com mais de 90 por cento de certezas, que a actividade humana é a principal responsável pelas alterações climáticas.
Os autores do estudo têm vindo também a ser acusados de usar outros dados pouco fiáveis, o que abriu espaço a críticas, quer de cépticos do aquecimento global, quer de tradicionais aliados: a Greenpeace reclamou o afastamento de Pachauri.
O caso dos Himalaias soma-se a outras críticas que têm vindo a ser feitas à maior autoridade mundial em alterações climáticas. Em vésperas da conferência de Copenhaga, realizada em Dezembro, cientistas da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, foram acusados de ocultar informações ao IPCC para não porem em causa as teorias da influência humana no aquecimento global. Há dias, o painel foi também acusado pelo "Sunday Times" de usar informações do Fundo para a Protecção da Natureza sobre o risco de uma pequena variação na precipitação poder transformar a Amazónia numa savana em vez de recorrer a fontes científicas primárias sobre o mesmo assunto.
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