Imagine que um novo colega de trabalho, que acaba de conhecer, convida-o para ser seu amigo no Facebook , a rede social do momento. Você não quer ser indelicado, mas a última coisa que lhe apetecia era partilhar com alguém que mal conhece as suas fotos das férias ou a sua quinta no Farmville. Será que basta ignorar o convite?
Se entre crianças a pergunta: "Posso ser teu amigo?" costuma ser mais do que suficiente para quebrar o gelo, entre adultos as coisas não funcionam bem assim.
A amizade, como é geralmente entendida, implica a partilha de interesses e experiências comuns. No entanto, para milhares de pessoas, o Facebook permite regressar à infância.
Em vez de convidarem alguém para partilhar o Facebook depois de consolidarem uma amizade no mundo real, muitas pessoas recorrem à popular rede social para abreviarem o tempo que leva a construir uma amizade sincera.
Para quê perder tempo a conversar sobre a família ou a partilhar interesses comuns se basta enviar um pedido de amizade e ler as respostas no Facebook? A verdade é que, na vida privada, será pouco provável receber uma proposta de amizade de alguém que se acaba de conhecer numa festa.
Se simpatizou com a pessoa, possivelmente porque gostou do vinho que ela trouxe, talvez venha a aceitar um convite na expectativa de voltar a partilhar uma boa pinga.
Mas se nem conseguiu provar o precioso néctar porque o seu interlocutor foi desastrado e entornou-lhe a bebida em cima, então será pouco provável que venha a aceitar uma proposta de amizade, a não ser que pretenda partilhar com seus verdadeiros amigos a conta da lavandaria, seguindo uma estratégia de humilhação.
Mas se assim é no domínio privado, no local de trabalho, as coisas mudam de figura. As consequências de ofender alguém por ignorar um pedido de amizade são bem maiores quando se trata de um colega que se vê todos os dias do que alguém que talvez nunca mais volte a encontrar.
Facebook prá família e amigos, LinkedIn prós colegas
O que leva então tantas pessoas a querer partilhar o seu perfil no Facebook com os colegas de trabalho?
Para a especialista da IBM em software social, Joan Morris DiMicco , isso acontece porque algumas pessoas não conseguem perceber as implicações de partilhar a sua vida privada com os colegas de trabalho.
Joan DiMicco lembra ainda que o Facebook estimula esse tipo de atitudes, recomendando em permanência o envio de novos pedidos de amizade.
"Logo que esteja conectado com um colega de trabalho, passa a receber recomendações para se ligar com outros colegas", afirma a especialista.
Claro que muitas pessoas até gostam de partilhar o Facebook com os colegas, sobretudo com aqueles que melhor conhecem. Mas para quem pretenda manter o local de trabalho a milhas da sua vida privada, há estratégias melhores do que limitar-se a ignorar um pedido de amizade.
Uma delas é aceitar o convite e depois, através da página de configuração da privacidade do próprio Facebook, limitar o fluxo de informação para o seu "novo amigo". Poderá, por exemplo, criar uma lista de "colegas" a partir da lista geral de amigos e adicioná-lo a esse grupo. Retorne então ao ecrã de configuração da privacidade e clique no separador "Informação do perfil" (Account > Privacy Settings > Profile Information, na edição inglesa) onde poderá limitar a informação que as pessoas que estão lista "colegas" podem ver. (Veja o tutorial em vídeo no final do artigo)
A alternativa, sugere a especialista em etiqueta no local de trabalho, Barbara Pachter , é propor ao seu colega que a ligação seja feita através da rede profissional LinkedIn .
"Poderá apresentar uma contra-proposta, sugerindo que a ligação se estabeleça através do LinkedIn, na esperança de que o seu colega se esqueça de que o pedido foi feito através do Facebook", afirma Barbara Pachter, autora de "New Rules @ Work ".
"Ou pode responder: Obrigado pelo pedido, mas no Facebook só me tenho os meus familiares e amigos. Sugiro que partilhes a minha rede profissional."
Faça o que fizer, diz Barbara Pachter, o importante é que não ofenda o seu colega. "Não é apenas uma questão de boa educação, mas de etiqueta".
"Além disso, o colega agora ofendido poderá ser o seu próximo chefe", alerta.
Facebook Privacy Management from Scott Bones on Vimeo.
Sem comentários:
Enviar um comentário