O sismo que assolou a região central do Chile gerou um tsunami de proporções não muito elevadas, que no entanto causou algumas vítimas mortais e fez lançar o alerta pela região do Pacífico, sobretudo no Havai, onde as áreas costeiras foram evacuadas.
A onda maior registada pelo Serviço Geológico dos EUA foi de 2,74 metros, próximo do epicentro, na costa do Chile, onde houve várias ondas de tsunami. Na ilha de Juan Fernandez, a quase 650 quilómetros da costa do Chile, uma grande vaga matou três pessoas e fez desaparecer dez.
Os sismos com estas características têm uma forte probabilidade de causar tsunamis, e o de sábado não foi muito significativo por ter acontecido a uma profundidade já considerável (cerca de 55 km), como explicaram especialistas ao PÚBLICO. Mesmo assim, foi emitido um alerta para toda a bacia do Pacífico, com uma antecedência que terá permitido às autoridades proceder às evacuações necessárias.
De acordo com o sistema de avisos de tsunami que a UNESCO adoptou desde o sismo de Sumatra, que em 2004 causou tsunamis que provocaram muitas dezenas de milhares de mortes na bacia do oceano Índico, é lançado um aviso automático quando ocorrem sismos de magnitude superior a sete e a uma profundidade entre 10 e 30 km na crosta terrestre – isto é, abaixo da superfície sólida, mesmo que por cima ainda possa haver quilómetros de oceano, explicou Maria Ana Baptista, professora de Geofísica no ISEL e especialista em tsunamis .
Os registos da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA mostravam pelas 20h30 de Lisboa que nas zonas já atingidas pelo tsunami a altura da onda poucas vezes tinha excedido um metro. Por outro lado, a grandeza vai diminuindo com a distância ao ponto de origem do tsunami – que é no epicentro do sismo.
Maria Ana Baptista realça no entanto que quando os marégrafos registam ondas de meio metro as zonas mais baixas das praias são inundadas. Um tsunami é um conjunto de ondas longas, cujo ponto mais elevado pode demorar cinco a 15 minutos, ou mais, a passar por um local. A primeira onda pode não ser a maior e podem ocorrer novas com grandes intervalos.
Em situações como a de ontem, o impacto junto à costa não será generalizado, mas em áreas como portos ou baías mais fechadas o seu efeito pode ser amplificado. Assim, os alertas recomendam geralmente que os barcos fiquem ao largo ou deixem os portos, e que os banhistas saiam das águas, explicou ao PÚBLICO Luís Matias, professor de Geofísica.
Quando se dá a ruptura entre as placas, uma delas tem um deslocamento de tipo vertical e é isso que gera um desnível de água que origina tsunamis, descreveu José Luís Zêzere, do IGOT. No sismo de ontem esse movimento não terá sido muito grande e por isso os tsunamis não tiveram, pelo menos inicialmente, ondas de grande altura.
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