As autoridades da cidade de Angra, Rio de Janeiro, decretaram o estado de calamidade pública e luto oficial por três dias. A tradicional procissão marítima do primeiro dia do ano foi cancelada.
A chuva intensa que assola o estado do Rio de Janeiro desde quarta-feira, dia 31, já provocou a morte a 64 pessoas.
Só numa pousada na Ilha Grande, na região de Angra dos Reis, já foram retirados 26 corpos. Comemoravam a chegada do Ano Novo quando um deslizamento de terras soterrou o edifício.
Os trabalhos de resgate na pousada de luxo Sankay entraram pela madrugada. Ainda não se sabe o número exacto de mortos, mas estima-se que pode chegar a 50.
Entretanto, a Defesa Civil retomou as buscas no Morro da Carioca, na cidade de Angra, também atingido pelo deslizamento de terras matando 11 pessoas.
As autoridades da cidade de Angra, decretaram o estado de calamidade pública e luto oficial por três dias. A tradicional procissão marítima do primeiro dia do ano foi cancelada por causa da tragédia.
40 horas a chover.
"É um sentimento de desolamento total. Foi um desastre, o maior susto da minha vida", descreve o proprietário de uma pousada na Ilha Grande que vivenciou momentos de tensão durante a forte tempestade.
"Foram 40 horas de chuvas ininterruptas. Eu moro na ilha há 20 anos e nunca tinha visto tanta chuva. A ilha virou uma cachoeira, os rios transbordaram", disse à Lusa Rogério de Campos, conhecido como Mel.
Mel, de 49 anos, é proprietário de uma pousada construída numa encosta localizada na Praia Vermelha, na Enseada de Araçatiba, a segunda mais afectada pelas chuvas na ilha.
"Estamos preocupados. Ninguém conseguiu dormir na noite de réveillon. Tínhamos actividades organizadas na praia para o Ano Novo e tivemos que cancelar. Todos ficaram em casa protegendo-se da chuva", explicou ao referir os estragos causados pelas tempestades como uma "destruição de guerra".
"Eu não tive coragem de sair. Agora é que estou a caminhar na areia para ter uma visualização de tudo", acrescenta ao lembrar que a ilha permanece sem energia, telefone e com fornecimento precário de água.
Segundo ele, todas as pousadas na ilha estavam lotadas neste período de festividades. "Vamos ter que superar, foi um desastre nas comunidades. Tem gente indo embora assustada. Muitas casas foram condenadas, a igreja vai ter que ser demolida", lamenta.
Mas ainda em tom optimista Mel afirma que a tragédia ocorrida na Praia do Bananal não reflecte toda a Ilha Grande. "As pessoas estão vivas, isso foi um problema pontual, a Ilha Grande é a maior ilha do Brasil".
Mel fez um apelo para que turistas retornem à ilha: "Os moradores e os empresários precisam que as pessoas continuem a vir".
900 militares mobilizados.
Para apoiar os trabalhos de busca e resgate, cerca de 900 militares da Marinha do Brasil foram mobilizados directa e indirectamente para contribuir com o transporte de pessoal e com o fornecimento de alimentos para as equipas de salvamento e para os desabrigados.
"A Marinha toda está mobilizada nesse sentido para dar apoio às acções da Defesa Civil e dos Bombeiros, e na segurança da área marítima", afirmou à Lusa o comandante Rodolpho Marandino, director do Colégio Naval que está a frente do auxílio prestado pela Força Armada.
A Capitania dos Portos foi accionada na noite do dia 31 imediatamente após o ocorrido e as acções permanecerão por tempo indeterminado.
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