Mais de 20 mil pessoas apelam por clemência, tentando reverter a condenação à morte de Zhang Xuping, um jovem chinês que assassinou um delegado do Partido Comunista de uma comunidade local.
O crime pode ter sido brutal, mas, em lugar de repúdio, o jovem que o perpetrou tornou-se numa espécie de herói de Xiashuixi, pequena cidade do norte da China. Zhang Xuping, de 19 anos, foi condenado à morte por ter apunhalado mortalmente no coração Li Shiming, delegado do Partido Comunista, conhecido por extorquir dinheiro, apropriar-se de terrenos e lançar injúrias entre a comunidade chinesa ligada à exploração de carvão.
A sentença da pena capital foi proferida por um tribunal chinês em Setembro de 2008, indicaram a mãe e o advogado do réu, que apresentaram um recurso na semana passada.
De nada valeu até agora a petição, assinada por mais de 20 mil pessoas, apelando ao tribunal por clemência. O julgamento chegou a ter de ser adiado alguns meses, devido aos milhares de pessoas que compareciam junto do tribunal e complicavam o seu início.
Uma habitante de Xiashuixi diz que só não cometeu ela própria o crime porque não conseguiu. "Não fiquei surpreendida quando ouvi que Li Shiming fora morto, porque há muito que as pessoas queriam matá-lo" afirmou Xin Xiaomei, acrescentando que o marido foi incomodado por Li após terem tido um desentendimento. "Eu própria desejava matá-lo, mas fui demasiado fraca".
Jovem foi contratado por agricultor.
Vários habitantes de Xiashuixi indicaram à agência noticiosa Associated Press que Li Shiming lhes tornou a vida num verdadeiro inferno ao longo de anos.
Zhang Xuping, que confessou o crime, tê-lo-à cometido a mando de Zhang Huping, um agricultor de 35 anos, que lhe pagou 1 000 yuans (cerca de 104 euros), segundo indicou um jornal chinês. O agricultor afirma que Li Shiming o perseguiu durante anos e o deteve inúmeras vezes sob falsas acusações, após de em 2003, conjuntamente com outros agricultores, ter procurado auxílio junto das autoridades provinciais, por o delegado do partido ter removido árvores de 28 acres de que são proprietários, sem permissão ou qualquer compensação financeira.
No dia do crime, o adolescente entrou na escola onde o delegado do partido participava numa conferência, esperou que ficasse sozinho e apunhalou-o no coração. Li Shiming ainda saiu da escola e entrou no seu carro, mas morreu antes de chegar ao hospital.
Frustração face aos abusos de membros do partido.
Outro agricultor local, Zhang Weixing, de 58 anos, afirma que há 3 anos Li Shiming se apropriou e construiu casas nos seus 3,3 acres de terras, e que contratou pessoas para o espancarem, além da mulher e os filhos, quando estes o tentaram impedir.
O julgamento veio chamar a atenção para os abusos levados a cabo por membros do PC chinês e para a frustração de muitos chineses, que sentem que o sistema de partido único permite, por vezes, que os delegados comunistas lidem com a sua comunidade como se tratasse de um feudo pessoal.
Os líderes chineses têm referido que a corrupção é uma ameaça para o progresso do país, mas o sistema político de partido único, sem um sistema judicial independente, tem contribuído para a manutenção do problema.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário