sábado, 2 de janeiro de 2010

Atentado que matou sete agentes é maior golpe para a CIA desde 1983.

Um atentado suicida que, na quarta-feira, provocou a morte a sete agentes da CIA no Afeganistão e feriu seis outros com gravidade foi o golpe mais severo sofrido pelos serviços secretos norte-americanos desde 1983, e terá provocado a perda de alguns dos seus melhores elementos.

O autor do atentado usava, segundo o Washington Post, um cinto com explosivos por baixo das roupas e teria sido autorizado a entrar na fortificada base de Chapman, em Khost, sudeste do país, junto à fronteira com o Afeganistão, depois de se ter oferecido como informador. Entre as vítimas está o chefe da base.

Um porta-voz taliban, citado pela Reuters, disse que o atentado foi da autoria de um seu simpatizante que integrava o exército afegão, o qual terá detonado os explosivos numa reunião com os elementos da CIA. O Ministério da Defesa afegão negou a alegação, dizendo que não havia qualquer militar seu na base, mas a afirmação foi contrariada pela NATO.

O Post não conseguiu apurar se a escolha do alvo terá relação com o alegado papel da base no apoio às operações aéreas da CIA contra líderes da al-Qaeda e dos taliban na região. A base seria o centro do programa de supervisão dos ataques aéreos por controlo remoto que têm ocorrido na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão e mataram mais de 300 pessoas no último ano, adiantou o diário. A CIA tem repetidamente negado o seu envolvimento nesse programa de ataques, que continuava quinta-feira.

O atentado de Khost foi, num só dia, o mais duro golpe sofrido pela agência desde que, em 1983, perdeu oito agentes num ataque contra uma base militar em Beirute, que provocou a morte de 241 norte-americanos e 58 franceses, segundo a AFP. Desde o 11 de Setembro, a CIA perdeu apenas quatro agentes, segundo os media dos EUA. “Este ataque será vingado com sucessivas e agressivas operações de contraterrorismo”, disse um responsável oficial citado pelo jornal, sob anonimato.

Um antigo agente da CIA, Jack Rice, citado pela AFP, disse, porém, que a acção deixará marcas profundas e que “os agentes mortos eram provavelmente os melhores do mundo naquilo que faziam”.

Para Talat Masood, um analista paquistanês, antigo militar, citado pelo jornal norte-americano, o atentado mostra que os taliban estão a conseguir “boa colaboração a nível local e têm melhores informações do que os norte-americanos”.

O atentado poderá também, segundo Thomas Sanderson, especialista do Centre for Strategic and International Studies ouvido pela AFP, pôr em causa os procedimentos seguidos pela CIA. “É problemático porque vai deixar toda a gente desconfiada face aos afegãos. A confiança vai ser afectada”, disse.

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