terça-feira, 17 de março de 2009

Corre o boato de crocodilos no rio Douro.

Uma misteriosa placa colocada junto ao cais de Miranda do Douro deu origem a uma notícia em Espanha sobre a existência de crocodilos no Rio Douro, motivo de espanto geral no lado português.

"Portugal proibiu os banho no Rio Douro perante o grave perigo de ataque de crocodilos" assim começa a notícia do jornal espanhol La Opinion de Zamora que surpreendeu as autoridades portuguesas, inclusive aquelas que aponta como as protagonistas da inusitada histórica.

"Nós não temos rigorosamente nada a ver com isso", sublinhou à Lusa o vice-presidente da Câmara de Miranda do Douro, Américo Tomé, que ainda não conseguiu encontrar uma explicação para o caso.

O autarca diz que já foi enviado um desmentido para o jornal espanhol que escreve que foi a Câmara que mandou colocar nas arribas do Douro e junto ao cais a placa que está na origem da história do periódico zamorano sobre os crocodilos.

O sinal em causa foi colocado no embarcadouro para o cruzeiro ambiental de Miranda do Douro bem visível a quem se dirige para o barco, com um fundo amarelo em que sobressai a figura de um crocodilo.

Em volta do animal duas frases em inglês: "Danger Crocodiles / No Swimming" (Perigo Crocodilos/Não nadar).

Tanto a Câmara de Miranda do Douro como o Parque Natural do Douro Internacional desconhecem a existência de qualquer placa.

O vice-presidente da autarquia local disse à Lusa que o Município vai hoje averiguar o assunto mas está convencido de que o autor do misterioso sinal será o proprietário do cruzeiro ambiental, um empresário espanhol.

O espaço onde foi colocado é de acesso restrito pelo que, se se confirmar que é de sua autoria, o vice-presidente da autarquia considera que "não é nada cordial que se coloque ali uma coisa dessas".

"Ainda para mais em inglês, quando os clientes são sobretudo espanhóis", sem esquecer que se está na terra da segunda língua oficial de Portugal, o mirandês.

Américo Tomé considera ainda que se o propósito era impedir os visitantes de tomarem banho, não havia necessidade de recorrer a tal figura pois na zona já é proibido nadar, desde logo pela proximidade das turbinas da barragem.

Por terras lusas não se acredita que os crocodilos que vivem nas quentes Américas, África, Ásia e Austrália sobrevivessem às gélidas águas dos invernos transmontanos, embora o jornal espanhol faça questão de referir que o Douro Internacional tem um dos melhores micro-climas da Península Ibérica.

Escreve ainda o jornal que o alerta abrange uma longa faixa ao longo da fronteira e que, embora ainda se desconheça como chegaram os crocodilos ao Douro, tudo aponta que um particular que os adquiriu para mascotes em pequenos se tenha desfeito deles depois de crescerem.

Para o autarca de Miranda do Douro, esta é uma história idêntica à da cobra com 20 metros que há uns anos se dizia nadava nestas águas internacionais.

Enquanto que em Miranda do Douro ainda se vive a surpresa da revelação, o jornal zamorano garante que, apesar do imenso atractivo das arribas do Douro, tanto em Portugal como em Espanha, o que mais chama agora a atenção são os apelativos sinais amarelos de proibição de banhos por receio dos crocodilos.

Garante mesmo o autor do artigo que os que viajam no barco turístico olham cada vez menos para a beleza das escarpas rochosas do "Grande Canyon" da Península Ibérica e mais para as água a ver se algum crocodilo assoma a cabeça.

Mas tal como escrevem em mirandês os pauliteiros de Miranda no seu blogue e já em reacção à notícia espanhola, o mais certo é terminarem a viajem com a pergunta: "Eilhes andan por ende...I quantos son? (eles andam por onde... e quantos são?).

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