domingo, 10 de janeiro de 2010

Neurologista desaconselha filmes 3D a crianças pequenas.

A neurologista Teresa Paiva considera preocupante que crianças muito pequenas assistam a filmes em 3D, como "Avatar", devido à "forte estimulação sensorial provocada pelo efeito".

Apesar de desconhecer estudos científicos sobre os efeitos do 3D na saúde humana, Teresa Paiva, professora na Faculdade de Medicina de Lisboa e fundadora do Centro de Electroencefalografia e Neurofisiologia Clínica, defende que "a forte estimulação sensorial pode ter implicações para o sistema nervoso central". As dores de cabeça, a sensação de "after image" e distúrbios do sono são alguns dos efeitos, exemplifica.

O filme "Avatar", de James Cameron, estreou-se em Portugal a 17 de Dezembro e nas duas primeiras semanas foi visto por 410.535 espectadores. Está recomendado para maiores de seis anos.

A neurologista enumerou alguns casos conhecidos de descargas epilépticas provocadas por jogos de computador e luz "strobe", ressalvando que "têm de ser cuidadosamente analisados os eventuais efeitos que a ilusão tridimensional pode desencadear".

Para além de algum cansaço, o oftalmologista Jorge Breda, ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, não antevê que o contacto com o 3D possa provocar lesões oculares, nomeadamente das crianças.

"As implicações que poderão ter é para o sistema nervoso central", explica o médico do Hospital de S. João, já que a retina transforma as ondas luminosas em impulsos nervosos.

As imagens em três dimensões são usadas há muito tempo na ciência, em exames médicos, em jogos e até ao serviço da educação. O efeito 3D, ou visão de relevo, é provocada através de óculos de lentes polarizadas que filtram a luz a 90 graus para cada olho, permitindo assim que cada olho veja uma imagem diferente. Dois projectores mostram o filme em simultâneo e cada imagem do projector é ligeiramente deslocada na tela, simulando a distância entre os olhos. Por fim, o cérebro funde os dois planos de forma a dar profundidade à imagem.

Mas nem todas as pessoas conseguem ver o 3D: "Os que sofrem de estrabismo não conseguem ver de todo e alguns amblíopes ou com dificuldade de convergência ocular poderão ter algumas dificuldades", disse à Lusa a ortoptista Sónia Ferreira, do Hospital de S.José.

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