A agência de espionagem norte-americana está a ser posta em causa na sequência do ataque em que um agente duplo, infiltrado nos serviços secretos jordanos, entrou numa base da CIA no Afeganistão com o pretexto de fornecer informação valiosa sobre a Al-Qaeda e matou sete elementos da CIA e o agente
jordano com quem trabalhava.
O ataque foi o pior sofrido pela CIA desde há mais de 25 anos (em 1983, morreram oito agentes no ataque à embaixada americana no Líbano) e deixa a competência da agência questionada: a CIA é acusada de ignorar regras básicas de segurança no afã de obter informações – segundo o diário britânico "The Times", os agentes tinham informado a Casa Branca que esperavam informações valiosas do agente. Este conseguiu encontrar-se com os responsáveis da CIA entrando na base sem ser revistado. Levava um cinto de explosivos que detonou.
A agência anunciou um inquérito que tenta responder a duas questões, diz o diário norte-americano "Los Angeles Times": por que é que o bombista não foi mais revistado e onde recebeu o treino e explosivos para o ataque.
Nos jornais, antigos agentes e especialistas em segurança questionam outros aspectos: o antigo agente Larry Johnson dizia, ao diário britânico "The Guardian", que os informadores não deviam ser levados para bases da CIA porque poderiam ser descobertos, e o informador devia ter sido entrevistado por menos agentes. Já o veterano especialista de segurança Pat Lang criticou o grau de confiança posto num informador estrangeiro. E comentou: “Isto mostrou que o nível de capacidade nas operações decaiu a ponto de os agentes serem uma ameaça para eles próprios”.
A operação mostra não só falhas da CIA mas também uma sofisticação surpreendente da Al-Qaeda. Ainda no final de Dezembro, na sequência do ataque falhado do nigeriano no avião para Detroit, o chefe dos serviços secretos, Dennis Blair, tinha desvalorizado a capacidade do grupo levar a cabo ataques.
Há informações contraditórias sobre o bombista: o "Times" diz que foi Humam Khalil Abu Mulal al-Balawi, um médico jordano de origem palestiniana, que contactou os serviços secretos em Amã com informações sobre a Al-Qaeda, o diário israelita "Ha’aretz" diz que foram os jordanos que o convenceram a trocar de lado.
A Jordânia tem colaborado com a CIA e a agência ganhou créditos quando passou a informação que permitiu aos EUA matarem Abu Musab al-Zarqawi no Iraque em 2006. A CIA esperava agora que a informação do agente os levasse perto do número dois de Bin Laden, Ayman al-Zawahiri – Balawi já tinha dado informação aos jordanos que permitiram evitar ataques no reino.
“A CIA está a analisar o ataque”, disse o porta-voz da agência. “O inimigo não sabe tudo o que se passou, e nós não vamos dar-lhe essa informação.”
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