O ex-presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, Javier Lozano Barragan, defendeu hoje que "a homossexualidade é um pecado" e que os homossexuais estarão privados do paraíso. O veto do cardeal está a levantar uma onda de protestos em Itália.
"Os homossexuais talvez não sejam culpados, mas, agindo contra a dignidade do corpo, certamente não entrarão no reino dos céus", afirmou hoje o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán , que este ano renunciou ao cargo de presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde , no Vaticano, por motivo de idade.
Em declarações à agência de notícias Ansa, esta quarta-feira, o sacerdote disse que a constatação de que os homossexuais serão privados do paraíso não é sua. "Mas, sim, de São Paulo" que, em carta aos romanos, fala de pessoas "impuras", abandonadas a "paixões infames", e, ainda, no martírio dos que "desprezaram o conhecimento de Deus".
Barragán, 76 anos, foi ainda mais longe, acrescentando que "tudo aquilo que consiste em ir contra a natureza e contra a dignidade do corpo ofende Deus".
"Homossexuais são pessoas"
Para o ex-presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, "a homossexualidade é um pecado, mas isto não justifica nenhuma forma de discriminação". " De qualquer forma, os homossexuais são pessoas e, enquanto tais, devem ser respeitadas", disse, Lozano Barragán.
Segundo Lozano Barragán, "não se nasce homossexual. Acaba-se homossexual por várias razões, por motivos de educação, por não se ter desenvolvido a própria identidade na adolescência".
"Sida é uma patologia do espírito"
Esta não é a primeira vez que o conservador Barragán faz declarações polémicas. Numa das declarações que fez sobre a sida, que considera uma das mais devastadoras epidemias dos tempos actuais - o então presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde afirmou que a infecção pelo vírus VIH-sida "é uma "patologia do espírito".
Segundo o cardeal, por detrás da difusão da doença está "uma imunodeficiência de valores morais e espirituais", e que para combatê-la de forma responsável é necessário potencializar a educação sobre o respeito ao valor sagrado da vida, a formação de uma pática correcta da sexualidade e, ainda, guardar a castidade.
Barragán, que condena a prática do aborto, revela também grande apreensão com a disseminação da pílula abortiva RU-486 .
Em 2007, em declarações à Europa Press, Barragán criticou duramente as insinuações de que João Paulo II teria pedido o suicídio assistido. O cardeal assegurou que o Papa "não renunciou jamais" à alimentação nem a "nenhum tratamento" antes de morrer, afirmando que isso não passava de um movimento para "legitimar" a prática da eutanásia.
Barragán desmentia, assim, a versão da anestesista italiana Lina Pavanelli, professora na Universidade de Ferrara, segundo a qual o Papa polaco pediu e recebeu a eutanásia, e somente permitiu a introdução de uma sonda nasogástrica para a sua alimentação e nutrição três dias antes de morrer. Tese que, no entanto, foi desmentida pela equipa médica que tratou João Paulo II na última etapa da sua vida.
Lozano Barragán também já direccionou a sua ira contra os "lobbies de empresas farmacêuticas norte-americanas" apelando para "não traficarem com a dor humana", ao comentar a ausência de medicamentos em muitos países pobres por causa do elevado preço dos fármacos.
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