O bispo da diocese irlandesa de Kildare e Leighlin, Jim Moriarty, de 73 anos, apresentou a sua resignação ao papa Bento XVI, por ter sido referido no relatório Murphy sobre o encobrimento de abusos sexuais, anunciou hoje o próprio, em comunicado.
Bispo auxiliar de Dublin entre 1991 e 2002, já na semana passada Moriarty dissera que se demitiria se isso servisse os interesses da Igreja Católica e as vítimas dos abusos sexuais por parte de sacerdotes.
O relatório Murphy, publicado no mês passado, especifica que Jim Moriarty recebeu uma queixa sobre um padre que abusava de crianças e que, apesar disso, as autoridades arquidiocesanas não investigaram a fundo todas as actuações desse sacerdote, mencionado apenas pelo nome fictício de Edmondus.
Na sua declaração de hoje, o prelado nota que não foi directamente colocado em xeque pelo relatório, mas que aceita completamente a conclusão geral da comissão: as tentativas das autoridades eclesiásticas para evitar o escândalo tiveram terríveis consequências sobre as crianças abusadas.
"A partir da altura em que me tornei bispo auxiliar da arquidiocese de Dublin, deveria ter desafiado a cultura vigente", reconheceu agora Moriarty. Apresentou desculpas a todos os sobreviventes e às suas famílias, por se ter calado.
O padre "Edmondus" de que Moriarty recebeu uma queixa em 1993 já em 1960 abusara de uma criança, Marie Collins, que se encontrava hospitalizada.
"Todos eles sabiam o que é que estava a acontecer", disse hoje à rádio irlandesa essa mesma Marie Collins abusada, há 49 anos. "Um deles deveria ter-se erguido e dito que era preciso acabar com aquelas coisas".
Na verdade, porém, não foi isso o que aconteceu. E ao longo de décadas houve padres da arquidiocese de Dublin a abusar sexualnente de crianças indefesas, perante o silêncio da hierarquia católica, que quando muito ia mudando de paróquia os sacerdotes que não se comportavam de forma decente.
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