domingo, 8 de novembro de 2009

Quando o sexo faz esquecer.

O caso de Alice é relatado no site da CNN e remonta a uma manhã de Agosto do ano passado, em que o casal norte-americano de meia idade, que prefere não se identificar com o apelido, teve relações sexuais.

Pouco depois, o marido, Scott, ligou a televisão e passou por um canal que passava imagens dos Jogos Olímpicos. Alice, 59 anos, pareceu desorientada: "Estão a decorrer os Olímpicos?", perguntou. "Tens a certeza?", reforçou.

Scott compreendeu que algo estava errado e perguntou-lhe se sabia em que dia estavam. Depois, qual era o presidente dos EUA, na altura. A resposta "Bill Clinton" foi tudo o que o marido precisou para chamar o 112. Os paramédicos suspeitaram então de um AVC e apressaram-se a levar Alice para o hospital.

A amnésia global transitória é conhecida dos médicos há várias décadas, associada sobretudo a pessoas com mais de 50 anos. Os neurologistas perceberam que os doentes sabem quem são, mas não retêm as memórias mais recentes.

O sexo parece ser um dos maiores desencadeadores desta doença, que normalmente se manifesta depois de uma actividade física muito intensa, o que pode explicar-se por uma mudança significativa na corrente sanguínea.

Caplan, um especialista em AVC, de Boston, compara o hipocampo, responsável no cérebro pela memória a curto-prazo a um gravador. Se não lhe chegar sangue suficiente, não consegue gravar novas memórias.

A amnésia global transitória, normalmente, só ocorre uma vez e não deixa lesões no cérebro, mas pode tornar-se, em alguns casos, recorrente.

Alice chegou ao hospital por volta das 8h00, parecendo completamente saudável. "Onde é que eu estou", perguntou. O marido respondeu que estava nas urgências. "Como é que eu cheguei aqui?", continuou. "De ambulância."

Alice abriu a boca espantada e ficou em silêncio, a observar o ambiente do hospital. E depois repetiu as mesmas perguntas, a que acrescentou outras. Minutos depois, repetiu todas as anteriores, pela mesma ordem e até com a mesma entoação. "Parecia uma cassete", lembra o marido.

Ao longo do dia, Alice repetiu as mesmas perguntas a cada 10 minutos, depois a cada 15, depois 30, até que recuperou a memória imediata. Mas não totalmente, uma vez que não se recorda do que se passou naquela manhã de Agosto.

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