É mesmo verdade: há água no pólo sul da Lua, no lado que fica sempre às escuras.
É a confirmação: no lado escuro da lua, nas crateras permanentemente obscuras do pólo sul, há muita água congelada. O choque do motor de um foguetão Centauro contra a cratera Cabeus, a 9 de Outubro, observado de perto pela sonda LCROSS da NASA, permitiu confirmar o que outros engenhos enviados até ao satélite natural da Terra tinham já sugerido com bastante certeza.
"Estamos em êxtase", disse Anthony Colaprete, cientista do projecto LCROSS, citado num comunicado de imprensa divulgado pela agência espacial norte-americana.
"Múltiplas provas mostram que estava presente água tanto na pluma de vapor como na cortina de materiais ejectados pelo impacto. Ainda temos de fazer mais análises para estudar a concentração e distribuição da água e de outras substâncias, mas é seguro já dizer que a cratera Cabeus tem água", explicou.
Os espectrómetros que iam na sonda mostram uma assinatura química inconfundível nos espectros do ultravioleta e do infravermelho, que só pode ser água. "Nenhuma outra combinação razoável de compostos correspondia às observações. A possibilidade de haver uma contaminação do motor Centauro também foi posta de parte", adiantou Colaprete.
Assim sendo, ficam os cientistas sem qualquer sombra de dúvida na sua mente: há água na Lua, o que facilitaria qualquer tentativa de colonização. A água pode ser usada para consumo humano, claro, mas também para fazer combustível para foguetões, por exemplo.
Só que o sonho de regressar à Lua e aí construir bases foi mais uma vez afastado, com a publicação, no fim do Verão, de um relatório de uma comissão independente sobre qual deve ser a estratégia da NASA.
O regresso à Lua, abandonada desde que o último astronauta norte-americano pisou o seu solo poeirento, em 1972 (só algumas raras sondas a visitaram desde então), fora anunciado pelo Presidente George W. Bush em 2004, mas foi agora considerado um passo desnecessário, que o orçamento da NASA não comporta.
No entanto, descobrir água na Lua, congelada há muitos milhões de anos, pode permitir-nos descobrir como era o Sistema Solar então — mesmo usando só máquinas.
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