Dick Dekker, o pai de Laura, apoia o sonho da filha. Por isso, um juiz do tribunal de menores de Utrecht poderá decidir retirar-lhe a ele e à mãe de Laura a autoridade parental. “A menina poderá ser colocada fora do lar familiar”, disse Paul van Daalen, um porta-voz do tribunal, citado pela agência noticiosa AFP.
A viagem é demasiado perigosa para alguém tão jovem — foi essa a ideia em mente dos funcionários dos serviços sociais holandeses que iniciaram o processo para travar a viagem de Laura Dekker, que devia iniciar-se em Setembro — quando ela fizer 14 anos.
O pai de Laura já tinha feito um pedido de autorização à autarca da sua comuna para ela não frequentar as aulas na escola durante dois anos — que foi recusado, e alertou o Conselho Holandês para a Protecção das Crianças, adianta a CNN.
Mas se as autoridades holandesas lhe recusarem a partida, Laura Dekker, que começou a velejar aos seis anos, tem uma possível arma secreta: como nasceu ao largo da Nova Zelândia, pode tentar pedir um passaporte neozelandês e iniciar a sua viagem de circumnavegação a partir da Nova Zelândia. Pretende fazê-lo num veleiro a que chamou Guppy (o nome de um peixinho de aquário, do qual os cientistas também gostam muito para fazer experiências), que é um Herley 800 de 8,3 metros.
“Sou muito independente”.
Não é que Laura Dekker não tenha experiência como velejadora solitária: aos onze anos, passou o Verão a navegar sozinha, durante sete semanas, contam os jornais holandeses, citados pela AFP. Ela garante ter as competências técnicas necessárias para um tal desafio.
“Depende muito da educação e do carácter. Eu sou muito independente”, diz a rapariga de cabelos louros e lisos, franzina. “E quero fazer isto muito jovem, para quebrar o recorde” do velejador mais jovem, diz.
Os pais confiam nela, e acabaram por ser convencidos pela sua ideia.
“Ela estava sempre a voltar ao assunto, acabámos por lhe dizer que poderia ir se conseguisse organizar tudo. Para minha grande surpresa, ela despachou tudo num instante”, contou o pai, Dick Dekker, ao jornal regional De Gelderlander, mais uma vez citado pela AFP. Laura tenciona continuar a estudar via Internet e manter-se em contacto com os pais por telefone satélite.
“Sabemos bem que é uma aventura perigosa. Não deixaríamos que a nossa filha se metesse numa tal aventura se não tivesse todas as capacidades para se desenvencilhar”, diz ainda o pai, que se arrisca a perder a palavra sobre o que será a vida da filha, pelo menos durante algum tempo, se o tribunal assim o decidir.

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