segunda-feira, 17 de agosto de 2009

NASA não tem dinheiro para voltar à Lua até 2020, nem tecnologia para ir a Marte.

Os planos lançados pelo Presidente George W. Bush para o regresso de astronautas à Lua em 2020 não vão tornar-se realidade, a não ser que a agência espacial norte-americana tenha um reforço mesmo muito grande no seu orçamento, concluiu o comité independente de peritos encarregue pela Casa Branca de rever a estratégia da NASA, num relatório preliminar.

Por ora, tudo o que resta para a exploração espacial americana é continuar pela órbita da Terra, na Estação Espacial Internacional (ISS) – embora, a partir do ano que vem, a NASA fique sem naves para lá chegar, porque terá de aposentar de vez os vaivéns. Para chegar à ISS, os Estados Unidos contam pagar à Rússia para viajar nas cápsulas Soiuz.

Missões tripuladas a Marte, aquilo com que agora sonham muitos entusiastas e até os astronautas que pisaram a Lua na década de 70, são ainda demasiado perigosas para se levarem conta, diz o painel de peritos, nas conclusões preliminares entregues à Casa Branca.

Desenvolver novas naves e foguetões para alcançar a Lua necessitaria de um financiamento de três mil milhões de dólares todos os anos, dizem os especialistas. Os planos de regresso à Lua foram cortados na raiz porque o seu orçamento de 108 mil milhões de dólares a dez anos sofreu um corte de 30 milhões, adianta a agência Reuters. “Não podemos cumprir este programa com este orçamento”, comentou Sally Ride, a primeira mulher norte-americana no espaço, e membro deste comité de peritos.

A única coisa que resta é um investimento reforçado na estação espacial – que tem o benefício agregado de desenvolver o mercado dos serviços de lançamento para órbita, de turistas ou carga. Aliás, investir na criação de um mercado nesta área é altamente recomendável, disse Sally Ride. “Gostávamos que a NASA largasse o negócio de transportar pessoas para órbitas baixas da Terra”, disse. O painel recomenda que se adicionem 2500 milhões de dólares ao orçamento anual da agência espacial, entre 2011 e 2014, para pagar por serviços comerciais de transporte para a ISS.

Mas, mesmo que houvesse dinheiro, o regresso à Lua não devia ser a próxima grande aposta nas missões tripuladas. Missões até asteróides (como os que podem eventualmente colidir com a Terra, causando uma catástrofe semelhante à que matou os dinossauros, há 65 milhões de anos) poderiam ser economicamente mais rentáveis, e entusiasmar mais o público.

O objectivo final deverá ser o de realizar missões tripuladas a Marte – mas o dinheiro e as tecnologias necessárias não estão disponíveis. “Tentar ir directamente para Marte hoje com a tecnologia actual seria demasiado arriscado, e é um risco a que a NASA não deveria estar associada. O mais provável é que não tivesse sucesso”, disse Norm Augustine, ex-director da Lockheed-Martin e coordenador do painel de peritos.

Actualmente, a NASA não tem previsto mais financiamento para estação espacial a partir de 2015, um projecto em que estão envolvidas 16 nações ou entidades (uma delas é a Agência Espacial Europeia, da qual Portugal faz parte).

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