A vida de Eluana Englaro, cidadã italiana que persiste em estado de coma há 17, está quase a chegar ao fim. A mulher de 38 anos chegou durante a madrugada de hoje à Clínica La Quiete, em Udine, onde dentro de três dias os médicos vão deixá-la morrer.
Termina assim o caso que comoveu a Itália e tem sido alvo de uma intensa batalha judicial e política há mais de 10 anos.
A clínica anunciou em Janeiro estar pronta para acolher Eluana e cuidar dela nos seus últimos dias, até suspender de vez a alimentação e hidratação artificial que ainda a prendem à vida. A decisão foi tomada apesar de todas as pressões da Igreja Católica, do Vaticano e do Governo de Sílvio Berlusconi.
"Parem este assassínio", lança o cardeal Javier Lozano Barragan, do Vaticano, citado pelo jornal "La Repubblica". Segundo o cardeal, "interromper a alimentação e a hidratação de Eluana equivale a um abominável assassínio e a Igreja não parará de reclamar em voz alta (...) Não vejo como se poderia definir de outra forma o facto de não alimentar alguém", declara o cardeal.
Evocando a decisão judicial que autoriza a cessação da alimentação, confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça italiano em Novembro, o cardeal Barragan explica que "a posição da Igreja, que defende a vida, mantém-se a mesma e não pode mudar devido a um veredicto de juízes".
No passado domingo, Bento XVI abordou o assunto ao considerar a decisão de acabar com a vida de Eluana Englaro como uma "eutanásia inaceitável". O Papa sublinha que a eutanásia é uma "solução falsa para o drama do sofrimento" e que se trata de um acto "indigno do homem".
Eluana encontrava-se internada numa clínica em Milão, desde a altura em que um acidente rodoviário a deixou em coma. O pai sempre se manifestou favorável à decisão de acabar com a vida da filha, porquanto esta, antes do acidente, sempre "manifestou claramente que pretendia morrer caso ficasse em estado de coma ou num estado vegetativo".Eluana está em vida vegetativa desde 1992, vítima de um acidente rodoviário.
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