terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eluana, a mulher em coma há 17 anos, está morta.

Eluana Englaro, a mulher italiana de 38 anos há dois anos em estado vegetativo persistente, morreu hoje, às 19h10 (hora de Lisboa), anunciou o ministro da Saúde Maurizio Sacconi aos senadores italianos. Não era alimentada há quatro dias, seguindo a ordem judicial para desligar os meios que a mantinham presa à vida.

Os pais de Eluana não estavam presentes na clínica. O pai Reppino Englano, que foi imediatamente avisado por telefone pelos médicos da clínica, encontrava-se noutra cidade, para amanhã participar num protesto.“ Sim, deixou-nos. Mas não quero dizer nada, quero estar só”, disse o pai de Eluana ao ser contactado pelos jornalistas. Segundo a edição on-line jornal "La Repubblica", estava muito emocionado.
A confirmação da morte de Eluana foi anunciada às 20h27 pela presidente da clínica, Inês Domenicali.

“Que o Senhor perdoe a quem a fez chegar a este ponto”, comentou o ministro da Saúde do Vaticano, o cardeal Javier Lozano Barragan.

Centenas de pessoas vão reunir-se esta noite frente da Clínica onde, há vários dias, se encontravam cerca de 200 militantes do movimento “Pela vida”, numa vigília de oração.

A notícia da morte de Eluana suscitou reacções imediatas dos políticos italianos. O primeiro-ministro Sílvio Berlusconi exprimiu “a sua dor profunda” e um “grande arrependimento”, por não ter sido possível salvar a vida de Eluana.

“Este é um caso de eutanásia que não está previsto na lei. É visto como um sucesso na clínica La Quiete mas deveria chamar-se morte”, disse o presidente do senado Maurizio Gasparri.

A polémica começou em Novembro, quando, depois de um processo que se arrastava há dezanos, o tribunal decidiu autorizar a suspensão de alimentação da doente, para que pudesse morrer. Ao tomar conhecimento da decisão judicial, Sílvio Berlusconi apressou a aprovação de um decreto de lei, na sexta-feira passada, que proibisse a suspensão da alimentação de pessoas em coma.

A aprovação do decreto chegou três dias depois de, em respeito pela decisão judicial favorável à morte por eutanásia, ter sido suspensa a alimentação de Eluana Englaro.

Embora a lei tenha sido alterada, a morte de Eluana Englaro deu-se em conformidade com os prazos da decisão judicial.

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