25 de Junho de 2009, por volta do meio dia, Michael Jackson morre em Los Angeles de paragem cardíaca.
Só de pensar que nunca mais ele vai poder dançar como dançava. Electricidade de relâmpago! O cantor encontrava-se na sua casa em Bel Air quando um membro da sua entourage ligou para as emergências médicas às 12 horas 21 minutos. Levado inconsciente para o hospital da universidade da Califórnia, foi dado como morto após uma hora passada na sala de reanimação. Tinha 50 anos.
Primeiro, as crianças. O cantor tinha 3 filhos, todos chamados Michael Jackson. Mas a mãe inseminada, Debbie Rowe, quase certamente não vai ficar com elas agora que o pai morreu. Ms. Rowe já pediu (e voltou a pedir) ao tribunal que lhe fosse dada custódia das crianças mas, de ambas as vezes, aceitou o dinheiro que Michael Jackson lhe ofereceu para se manter afastada. Michael Jackson não tem fama de grande pai. Um dia pendurou um dos filhos de uma janela, durante uma digressão europeia.
De outra vez, em Budapeste, fugiu à escolta oficial para ir revisitar as crianças que estavam a morrer de cancro num hospital. Aniko Navai, uma assistente que segiu os passos do cantor durante a passagem pela Hungria em 1994, disse que Michael Jackson começou por pedir que 100 mil crianças estivessem à espera dele no aeroporto. O avião privado do cantor só ia aterrar às 2 da manhã. Não estavam as crianças mas estavam inúmeros repórteres da comunicação social.
Jackson nasceu em Gary, no estado do Indiana. Num programa apresentado por Oprah Winfrey referiu que o pai o espancava, por vezes com o cinto, se erros fossem cometidos durante os ensaios caseiros do grupo Jackson 5, do qual o pequeno Michael era vocalista. O que ele quis dizer foi que, embora a sua alma tenha sido quebrada muito cedo, estava aqui para provar que era mais forte que todos e que tudo, mesmo mais forte que toda uma infância vivida nas piores circunstâncias. O Thriller continua a ser o disco de maior sucesso em todo o mundo, desde sempre. Invencible, o álbum derradeiro, vendeu 10 milhões de cópias. Acusado de abuso sexual de menores muitos anos mais tarde, foi ilibado em tribunal. Tinha passado algum tempo no Dubai e, desde o início do ano, mudara-se de Las Vegas para Los Angeles. Alugara uma mansão de muros altos, a 100 mil dólares por mês.
Está neste momento, sexta de manhã, a ser feita autópsia em Los Angeles. Será necessário esperar pelos resultados da toxicologia para se saber o que matou o cantor. Sabia-se que estava dependente de analgésicos, alguns à base de ópio. Durante um dos julgamentos ficou testemunhado que recorria a doses fortes de tranquilizantes.
No momento da morte tinha por perto o médico privado. A especulação mais recente alega que o médico lhe deu uma injecção antes da chamada frenética para as emergências. Não se sabe ao certo se a medicação intravenosa provocou a morte ou foi uma tentativa desesperada de o reanimar (longe do olhar público e da possível falência comercial caso notícias desestabilizadoras viessem à superfície). Se o problema era cardíaco, é possível que a crise tenha originado no trabalho feito na noite anterior. Jackson alugara o espaço amplo do Staples Center, a arena de basquetebol onde os Lakers tinham ganho a taça dias antes, e passara horas a cantar, a dançar, a conviver com os fãs e a produzir um vídeo em 3D para ser usado nos espectáculos de Londres.
A morte vem num momento surpreedente. A canção Give In To Me, por exemplo, tinha regressado à rádio. Constara do álbum Dangerous e só chegara ao primeiro lugar na Nova Zelândia mas, porque é um tema no qual participa a guitarra hard rock do ídolo Slash, começou a fazer parte da banda sonora actual, cada vez mais cheia de rugidos e de cruzamentos de estilos. Alem de ter assinado um contrato para fazer uma série de concertos em Londres - imediatamente esgotados - estudava a possibilidade de transformar o seu rancho em Santa Inês, Neverland, em algo parecido com o Graceland de Elvis Presley.
Casinos de Macau e Las Vegas mostraram-se interessados em encenar um musical só com os grandes êxitos. Após uma década conturbada, Michael Jackson preparava-se para a grande ressurreição, desta vez maior que nunca e com talento para ultrapassar a fama da Madonna ou a dos Beatles. Ciente de que ocupava um lugar distinto nas artes americanas e mundiais, o cantor suspendeu há dias o leilão dos objectos privados, do qual fazia parte a famosa luva branca e brilhante que sempre foi associada à sua coreografia genial. A morte, alem de ter colocado as rádios de Los Angeles em fase de homenagem, tem sido vista como uma tragédia. Só quando os temas dele são tocados uns a seguir aos outros é que fica claro o legado cultural com que ele nos agraciou. Da dança à voz passando pela sua tendência de Peter Pan que não encontrava lugar confortável no mundo adulto, a morte prematura foi algo que Jackson, certamente, nunca imaginara.
Em Los Angeles, como em todas as cidades, há umas carrinhas que fazem visitas itinerantes aos locais de, supostamente, interesse. Ontem, um carro da Holywood Tours carregado de turistas fazia a ronda das mansões de Bel Air. Ao microfone, o guia só disse isto no momento em que os portões se abriram para deixar entrar a ambulância. "This is Michael Jackson's estate, everyone. So, I guess we'll find out later in the news what happened". Tinha morrido o rei.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Michael Jackson: Partido Demasiado Cedo.
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