sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sete invenções com que sonhamos para um futuro melhor.

Órgãos humanos produzidos em laboratório. Carros voadores. Colónias em Marte. Cyborgs capazes de comunicar por telepatia. Este futuro já não é só ficção científica. A realidade pode estar aqui à porta.

Carros voadores.
Criar veículos capazes de circular tanto em terra como no ar é uma ambição quase tão antiga quanto a aviação. O primeiro carro voador foi projectado por Glenn Curtis em 1917, apenas 14 anos depois do primeiro voo dos irmãos Wright, mas o veículo - de alumínio, com três asas e uma hélice na traseira - não foi capaz de dar mais que uns pequenos saltos. Após quase um século de promessas adiadas, a realidade parece estar cada vez mais próxima. Entre as várias propostas em desenvolvimento está o Transition, um pequeno avião capaz de circular em qualquer estrada depois de dobrar as suas asas.

"Não é bem um carro voador ao estilo dos Jetsons, mas mais um avião que também pode ser conduzido em terra", explicou ao Expresso Anna Mracek Dietrich, directora da Terrafugia, a empresa que pretende comercializar a invenção a partir de 2011. Apesar dos avanços tecnológicos, Dietrich considera que uma sociedade semelhante à idealizada na série "Os Jetsons", com o céu congestionado de carros voadores, é ainda uma utopia. "Em primeiro lugar, seria necessário instalar uma espécie de heliporto em cada casa, o que não é um investimento prático e não protegeria as janelas do vizinho das pedras que poderiam ser projectadas. Depois, operar um veículo voador implica muito treino e a maioria das pessoas não estão interessadas ou não têm os recursos para o ter."Viver em Marte.
"A Terra é o berço da Humanidade, mas ninguém pode viver eternamente no berço." A ambição de Konstantin Tsiolkovsky, o pai da astronáutica russa, assumida há quase um século, continua hoje mais actual do que nunca. A conquista de novos mundos saiu há muito dos guiões de Hollywood para as agendas estratégicas das principais agências espaciais. A NASA, por exemplo, quer regressar à Lua em 2018, para começar a instalar uma base que abrirá caminho à colonização lunar. Será um passo intermédio para um objectivo bem mais ambicioso: pisar pela primeira vez a superfície de Marte, o que deverá acontecer lá mais para 2037. Seguir-se-ão missões a cada 26 meses, durante duas décadas, para preparar a possível colonização do Planeta Vermelho.

Apesar da superfície de Marte não ser muito diferente de alguns desertos terrestres e de as temperaturas serem, em todo o Sistema Solar, as mais próximas das que conhecemos (entre os 22º C, de dia, e os -70º C, à noite nas suas regiões equatoriais), subsistem ainda obstáculos importantes à concretização do projecto. A existência de água no subsolo do planeta é uma incógnita e o ar (composto em 95 por cento por dióxido de carbono) é irrespirável, pelo que um dos principais desafios passa pela criação de espaços que permitam modificar a atmosfera do planeta.Viajar no tempo.
"Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela." A frase, de Albert Einstein, pode até incentivar a ousadia científica, mas poucos físicos se atreverão hoje a admitir a possibilidade de se viajar no tempo. Apesar de improvável, a ideia não é impossível à luz das leis da física, tendo como ponto de partida a teoria da relatividade de Einstein. Para que se torne uma realidade, é preciso, por exemplo, conseguir viajar mais depressa que a velocidade da luz. Alguns físicos admitem que isso seria possível através do desenvolvimento de "buracos de verme", atalhos cósmicos que funcionam como ligações entre regiões do universo.

A intensa gravidade destes túneis seria suficiente para desintegrar a estrutura do espaço-tempo, funcionando assim como janelas para viajar no tempo. Mais do que a tecnologia, os maiores obstáculos estão relacionados com determinados paradoxos de casualidade. O que aconteceria, por exemplo, se alguém viajasse no tempo para matar o próprio avô ou impedisse, de outra forma, os pais de se juntarem? Como poderia então estar ali?Fábricas de órgãos.
E se, um dia, o corpo humano pudesse ser tratado como uma máquina? Se as peças de origem, depois de gastas ou danificadas, pudessem ser substituídas por outras semelhantes, fabricadas "à medida"? A promessa deixou há muito de pertencer ao domínio da utopia. Num futuro não muito distante, tecidos e órgãos desenvolvidos em laboratório, muitas vezes usando células do próprio paciente, serão usados para tratar desde lesões traumáticas a doenças hoje incuráveis, como Parkinson, Alzheimer ou diabetes.

Existem já experiências de sucesso na regeneração de ossos, cartilagens e pele, no tratamento de pacientes com problemas na córnea e até no transplante de bexigas e, mais recentemente, de uma traqueia, produzidas a partir de células estaminais. O Frankenstein do futuro não será um monstro, mas sim um homem com a capacidade de regeneração de uma salamandra.Clones humanos.
Apesar de controversa, a clonagem de humanos pode ser uma possibilidade tecnicamente viável dentro de alguns anos, admitem muitos cientistas. Os avanços que se estão a produzir na clonagem terapêutica - que, espera-se, irão permitir a substituição de tecidos danificados, órgãos em falência e até membros perdidos com recurso a células estaminais obtidas a partir do ADN de um paciente - poderão, em teoria, ser usados para clonar uma pessoa.

Ainda que a comunidade científica desconfie do feito anunciado por Severino Antinori, um especialista italiano em fertilidade que admitiu recentemente ter criado três clones, hoje com nove anos, muitos admitem que esta realidade será inevitável, independentemente das muitas questões éticas que levanta. O procedimento é considerado ilegal em alguns países, mas não foi ainda alcançado um consenso global para a sua proibição, como era intenção dos EUA.Cyborgs.
É outra das fantasias clássicas da ficção científica, popularizada em filmes como "Exterminador Implacável" ou "Robocop". A ideia de uma sociedade dominada por homens-máquina pode parecer do domínio da utopia, mas a realidade está a poucas décadas de distância. Essa é, pelo menos, a convicção de Kevin Warwick, considerado o primeiro cyborg da Humanidade, depois de ter implantado um chip no braço esquerdo que realizava automaticamente algumas tarefas, como abrir e fechar portas ou acender e desligar luzes.

Warwick, professor e investigador em Cibernética na Universidade de Reading, no Reino Unido, acredita que, já a partir da segunda metade deste século, o mundo será dominado por cyborgs, munidos de implantes cerebrais que lhes permitirão comunicar telepaticamente. "Os humanos serão uma espécie de subespécie, que comunicará de uma forma extremamente primitiva e limitada", afirmou ao Expresso. O desafio, no próximo meio século, será, por isso, definir o que é humano.Invisibilidade.
Tema comum nas narrativas da ficção científica, a invisibilidade tem sido transportada progressivamente para o domínio da ciência real. De tal forma que existem vários grupos a trabalhar para que seja uma realidade dentro de alguns anos. A opção mais promissora está longe do "Homem Invisível", de H.G. Wells - nascido de uma série de experiências químicas que terão, presumivelmente, alterado as suas moléculas de modo a que estas não fossem absorvidas pela luz -, mas é familiar aos fãs de Harry Potter: passa pela criação de uma espécie de capa de invisibilidade capaz de desviar a luz dos objectos, tornando-os invisíveis.A solução pode estar num novo tipo de substâncias, conhecidas como metamateriais, com propriedades electromagnéticas muito diferentes dos materiais comuns. Enquanto estes têm um índice de refracção positivo, os metamateriais apresentam um índice negativo, permitindo camuflar o objecto. A invisibilidade funcionaria assim como uma espécie de dispositivo de camuflagem, nem sempre perfeito (a absorção total da luz é um desafio extremamente complexo, aumentando em dificuldade à medida que aumenta o tamanho do objecto), mas bastante convincente e eficaz para os olhares menos atentos.

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