terça-feira, 21 de julho de 2009

Michael Jackson: Hollywood paga milhões por tesouro visual desenterrado.

A corrida pelos direitos das gravações, com mais de 100 horas de imagens dos últimos ensaios do cantor, começou nos 50 milhões de dólares.

Se calhar o ídolo é mais forte do que a morte. O cantor falecido parece que: 1) não quer morrer tão depressa e, 2) insiste em ressuscitar imediatamente. Em Hollywood, o material dele continua a mover montanhas.

Montanhas como a da Paramount. O estúdio passou toda esta última semana a tentar adquirir o stock visual que a promotora de concertos AEG tem no cofre e que só poucos conhecem. São para cima de 100 horas de ensaios filmados starring Michael Jackson. As últimas imagens do cantor dançarino em movimento. Que é outra maneira de dizer: gruta de Aladino. A febre negocial atingiu temperatura rubra-branca no domingo, ontem.

As imagens em alta definição foram captadas no Staples Center e noutros lugares palmilhados por Michael Jackson no momento da sua vida em que se preparava para regressar aos palcos de Londres, uma primeira etapa no regresso tão esperado e que o levaria, se tudo corresse como previsto, à apoteose final em Las Vegas. A morte veio deixar um vazio enorme neste grande plano mas, pelo menos, ficaram filmadas muitas horas dos ensaios e demais preparativos, um documento valioso a que os estúdios querem deitar mão.

Para todos os efeitos, o catálogo artístico de Michael Jackson continua em expansão. Nas imagens acumuladas pela AEG mas nunca divulgadas até agora, alem da dança e da música, Jackson é visto a confessar para as câmaras algumas das suas facetas desconhecidas e a supervisionar o progresso dos ensaios, num conjunto de momentos contendo, ao que parece, uma mina de emoções tocantes. Haverá tambem um pedaço que foi filmado em 3D, pelo menos 3 novas canções entoadas e dançadas de maneira tão capaz que poderão dar origem a três novos videoclips e, pepita que tem electrificado os fãs, uma nova versão para palco do tema Thriller.

A Paramount foi a que, inicialmente, mostrou mais interesse em adquirir as tais 100 horas filmadas mas ainda por divulgar. O grande trunfo da Paramount, nesta arena, é fazer parte de um aglomerado multinacional chamado Viacom e que tambem inclui a MTV, de facto o primeiro palco mundial que Jackson soube utilizar tão bem. Mas a AEG preferiu sujeitar o material às forças de mercado.

Foi aí que aconteceu o estampido que culminou ontem. A Disney, que partilhava com Jackson uma afinidade de imagem e o mercado das crianças, entrou na corrida alegando por canais laterais que tinha a equipa ideal para dar vida, pelo menos comercialmente, às imagens existentes. O estúdio referia-se, sem dúvida, ao facto de ter sob contrato o realizador e coreógrafo Kenny Ortega, que estava a trabalhar com Jackson depois de já ter trabalhado com Gene Kelly e que fez para o estúdio a série de sucesso High School Musical.

Infelizmente para toda a gente envolvida, na corrida também entraram outros estúdios, casos da Fox e da Warner. Se numa guerra leiloeira o duelo na licitação empurra inevitavelmente o preço para cima, aqui fê-lo disparar. Quando as forças opostas são a Warner e a Paramount, apertem os cintos que a viagem vai ter trepidação. A Paramount, por causa do Star Trek, foi o primeiro estúdio a ultrapassar o bilião de receitas este ano. Hoje, fechadas as contas do fim-de-semana, é a vez da Warner: Harry Potter bateu recordes de estreia e o estúdio é o segundo a ultrapassar a barreira dos mil milhões em receitas.

Com tanto dinheiro a ser atirado de um lado para o outro nos telefonemas mais urgentes desde que há memória, os ensaios filmados de Michael Jackson foram tratados como se fossem ouro maciço. Testado o apetite vulcânico do mercado em tudo o que esteja relacionado com o cantor, consta que o preço para início de licitação foi logo estabelecido pela AEG em 50 milhões de dólares. O leilão ainda não tem vencedor mas foi noticiado que, no fim, irá ser a Columbia Pictures a ficar com o novo tesouro escondido - a Columbia é da Sony, também editora de música com quem Jackson tinha contrato. Para os direitos de televisão, a AEG diz que colocará à disposição das cadeias interessadas material suficiente para um especial de duas horas. A licitação começou nos 10 milhões de dólares mas ainda não se sabe quanto vai ser pago, no fim. Espera-se que as imagens apareçam nos televisores e nos cinemas antes do Natal.

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