quinta-feira, 30 de abril de 2009

Admiração demora mais tempo a ser processada pelo cérebro do que a dor.

António Damásio, um neurocientista português, revelou que os resultados do primeiro estudo científico sobre o sentimento da admiração abrem caminho para investigações sobre os efeitos da rapidez da televisão nas crianças.

"O cérebro precisa de mais tempo e mais contexto para processar as emoções de admiração e de compaixão", salientou António Damásio, admitindo que os resultados do estudo que liderou, recentemente publicados, possam levar investigadores de outras áreas científicas a estudar os efeitos de histórias contadas muito rapidamente.

Para o investigador da Universidade do Sul da Califórnia , poderá ser investigado no futuro o que acontece ao desenvolvimento do cérebro "se se contar uma história rapidamente e sem contexto".

"A ênfase seria sempre para o cérebro formativo das crianças e não dos adultos", salientou Damásio, admitindo que o objecto de estudo possam ser "imagens rápidas de notícias na televisão".

Os quatro autores do artigo, entre os quais o casal António e Hanna Damásio, concluíram que o cérebro leva mais tempo a processar sentimentos como a admiração ou a compaixão ante o sofrimento psicológico alheio.

Os seres humanos podem processar a informação muito depressa e responder em fracções de segundos a sinais de dor física, porém, a admiração e a compaixão, duas das emoções que definem a humanidade, requerem muito mais tempo, precisaram os investigadores da Universidade do Sul da Califórnia.

Os cientistas usaram histórias reais convincentes para induzir em 13 voluntários um sentimento de admiração perante uma virtude ou habilidade e compaixão face ao sofrimento físico e moral.

António Damásio lamentou que alguns órgãos de comunicação social, nomeadamente no Reino Unido e nos Estados Unidos da América, tenham associado os resultados do estudo que conduziu a novas ferramentas de comunicação na Internet, como a rede de microblogs Twitter.

"A nossa investigação é sobre o cérebro e não temos nada a concluir sobre os media", frisou o investigador português, notando que o artigo publicado na semana passada nas Actas da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos não faz qualquer referência ao Twitter, tendo apenas um dos avaliadores feito uma ligação abusiva às redes sociais na Internet.

"Devo confessar que nunca fiz Twitter, mas, que eu saiba, o Twitter não tem nada a ver com a rapidez, mas sim com o limite de 140 caracteres por mensagem", acrescentou.

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