sábado, 24 de outubro de 2009

Casos de anorexia entre idosas quase triplicam na Europa.

Um estudo espanhol revela que o índice de mulheres anoréxicas com mais de 60 anos passou de 1,8% a 5% na última década.

Um estudo médico espanhol constatou que, numa década, os casos de anorexia quase triplicaram entre a população europeia com mais de 65 anos. O estudo, apresentado no 9º Congresso Nacional de Organizações de Idosos de Espanha, diz que o índice de mulheres europeias com mais de 60 anos com anorexia passou de 1,8% a 5% nos últimos 10 anos.

O aumento é similar ao da população adolescente. Os casos detectados de jovens entre 13 e 18 anos com anorexia e bulimia subiram de 2,4% para 7% na última década. "São transtornos próprios da civilização em que vivemos e os idosos estão expostos às mesmas situações que outros grupos com bombardeamentos de publicidade e pressão social", disse à imprensa a directora da Unidade de Transtornos Alimentares do Hospital de Alicante, Taciana Valderde, uma das autoras do estudo.

Os especialistas espanhóis indicam várias razões para o problema nos idosos, entre elas a pressão social por se manter eternamente jovem, dentro dos padrões de beleza impostos pela moda, a solidão, o stress e a tendência a sofrer de doenças degenerativas.

Segundo o estudo distribuído a cinco mil especialistas no congresso que ocorreu esta semana em Sevilha, 70% das mulheres europeias com mais de 65 anos sentem-se descontentes com seu aspecto físico e estariam dispostas a fazer sacrifícios para melhorar. Para os médicos, as frustrações produzem depressões que podem acabar em perda de apetite ou compulsão alimentar. Quando vivem sozinhos, segundo os especialistas, a vulnerabilidade aumenta. O falecimento do cônjuge, a distância dos filhos e o início dos processos degenerativos podem facilitar o aparecimento de transtornos alimentares.

"Quando se abre o frigorífico e só há um pedaço de queijo e dois ovos, aí surge o problema", afirmou a nutricionista Teresa Añón, directora do Instituto de Medicina Avançada de Valência e participante do congresso de Sevilha. A nutricionista afirmou que tratar o transtorno alimentar dos mais velhos é mais difícil do que o dos jovens, devido às doenças associadas ao envelhecimento.

Segundo o estudo, o número de casos de transtornos alimentares entre as mulheres é maior do que nos homens, mas a diferença está diminuir principalmente pelo aumento da incidência de casos entre homens gays.

Considerando as previsões demográficas da ONU que indicam que a Espanha será o país mais velho do mundo em 2050, o presidente da Confederação Espanhola de Organizações de Idosos e do Congresso de Sevilha, José Luis Méler, disse à imprensa que "o mundo precisa de uma cultura de envelhecimento".

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