Durante anos, Charles Wesley Mumbere trabalhou como auxiliar de enfermagem no Maryland e Pensilvânia, tratando dos idosos e doentes, sem ninguém suspeitar que ele tinha herdado um título real na sua pátria africana quando tinha 13 anos.
Segunda-feira, depois de anos de sobressaltos políticos e luta financeira, Mumbere, 56 anos, foi finalmente coroado rei do seu povo ao som do rufar dos tambores com milhares de apoiantes vestindo roupas com os seus retratos a saudá-lo.
Num comício segunda-feira à noite, o presidente ugandês, Yoweri Museveni, declarou oficialmente o reconhecimento do Reino Rwenzururu de 300 mil pessoas.
Museveni restabeleceu os reinos tradicionais que o seu antecessor tinha proibido em 1967 mas deixou muito claro que eles se deviam restringir às actividades culturais e manter-se afastados da política.
"É um grande momento saber que finalmente o governo central percebeu as exigências do povo Bakonzo que tanto se tem esforçado pelo reconhecimento da sua identidade", disse Mumbere.
O Parlamento do Rwenzururu está alojado numa grande estrutura feita de canas. Foi aí que se realizaram os rituais privados no domingo à noite e na manhã de segunda-feira para coroar Mumbere como manda a tradição.
Milhares andaram vários quilómetros para ver Mumbere, vestido com túnicas vermelhas esvoaçantes e um chapéu colorido a ser oficialmente reconhecido.
O novo Rei das Montanhas da Lua do Uganda passou por muitas transformações - desde líder de uma força rebelde a estudante pobre trabalhando como auxiliar de enfermagem nos Estados Unidos onde viveu quase 25 anos.
Mas as raízes reais de Mumbere só se tornaram conhecidas na Pensilvânia em Julho, quando deu uma entrevista ao Patriot-News de Harrisburg, na altura em que preparava o regresso ao Uganda.
Herdou o título depois de o pai, Isaya Mukirania Kibanzanga, ter morrido enquanto liderava o grupo separatista nas Montanhas Rwenzori, conhecidas como as Montanhas da Lua. Os rebeldes protestavam contra a opressão da sua etnia Bakonzo pelo grupo dos então governantes.
Os Bakonzo exigiam ser reconhecidos como uma entidade separada e nomearam Kibanzanga, um antigo professor primário como réu rei 1963.
"Foi muito difícil crescer no mato", recordou Mumbere, que tinha apenas 9 anos quando o pai levou a família para as montanhas, Embora tenha recebido treino militar, Mumbere não combateu.
"O nosso país (Uganda) é independente (dos britânicos" há 40 anos mas em Rwenzururu não há água potável, não há hospitais", lamentou Mumbere.
Pouco depois de Kibanzanga ter morrido, o filho liderou a descida dos combatentes das montanhas para depor as armas. Mumbere foi para os Estados Unidos em 1984 com uma bolsa do Uganda e esteve numa escola de gestão até a liderança ugandesa mudar e ele ficar sem o dinheiro da bolsa. Obteve asilo político em 1987.
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