Com quase 67 anos, vai percorrer mais de 200 quilómetros, abstendo-se de se alimentar durante cinco dias. Esta viagem até ao Santuário - diz - é para agradecer a Nossa Senhora de Fátima o facto de ainda estar vivo.
Vicente Esteves viaja a pé, há 40 anos consecutivos, de Amarante até ao Santuário de Fátima , por devoção à Virgem Maria, que diz já lhe ter salvo a vida duas vezes. Com quase 67 anos de idade, cumpre por estes dias mais uma promessa de realizar os mais de 200 quilómetros, abstendo-se de se alimentar durante cinco dias. "Só vou beber água", conta.
Esta viagem até ao Santuário - diz - é para agradecer a Nossa Senhora de Fátima o facto de ainda estar vivo. Pedreiro em Pidre, Amarante, Vicente Esteves explica que há cerca de três anos esteve gravemente doente, tendo sido dado como perdido pelos médicos e até recebido as últimas orações do padre da aldeia.
"Mandaram-me do hospital para morrer em casa. Já me davam como morto. Na cama, olhando para a imagem de Nossa Senhora de Fátima , rezei e pedi que me salvasse. Hoje, sou um homem saudável", contou, segurando num velho calendário com a imagem de Maria. O peregrino fala com orgulho junto do pequeno altar que tem no seu quarto com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, onde reza todos os dias, logo pela manhã.
A primeira viagem a Fátima a pé foi realizada em 1969, para agradecer a Maria ter voltado com saúde do Ultramar, onde cumpriu serviço militar. Desde então nunca mais parou e no seu currículo contam-se três viagens só a pão e água. Ainda hoje, explica, os dias mais felizes do ano acontecem quando vai a Fátima a pé. "Todos os anos, quando avisto o Santuário, é uma felicidade tão grande que nem me lembro do cansaço", revela, com a voz embargada.
Desta vez "o desafio é enorme", reconhece, mas vai agarrar-se com todas as forças à fé pela Virgem Mãe para poder chegar a Fátima de boa saúde. Na viagem, que deve terminar dia 10, o peregrino de Amarante é acompanhado pela esposa, que também segue a pé, e por um grupo de Paredes que lhe garante todo o apoio logístico, inclusive assistência médica.
Mas não é a primeira vez que Vicente vai a Fátima a pé só bebendo água. Em 1988 realizou a viagem sem comer para agradecer a Nossa Senhora, que acredita ter curado ao seu filho. "O meu filho tinha três anos e ainda não falava. Um dia pedi à Virgem Mãe para ele falar. Ainda estava a rezar, quando a minha mulher veio dizer-me que o rapaz estava a pedir comida", conta, emocionado.
"Na minha fé, aquilo foi um milagre absoluto", vinca. Essa viagem durou seis dias e nela participou o filho de três anos, carregado às costas pelo pai, e a mulher, que também seguia a pé.
Antes, em Setembro de 1985, quando ia para Fátima acompanhado da mãe, foi atropelado com gravidade na zona da Mealhada, sofrendo inúmeras fracturas, nomeadamente na perna direita. Esteve internado em Coimbra e mais tarde, com prognóstico reservado, foi transferido para o Porto.
Pouco depois, os médicos ficaram impressionados com a rapidez com que recuperou das graves lesões, ao ponto de, contra vontade dos clínicos, ter realizado nova viagem a pé em Maio do ano seguinte. "Agarrei-me à minha fé para ficar bom depressa e poder ver o meu filho", diz, explicando que por essa altura a sua mulher tinha dado à luz uma criança.
Vicente Esteves é um homem de fé. Reza todas as manhãs mas não vai à missa dominical na aldeia. Diz preferir assistir às várias celebrações pela televisão. "Ouço-as todas. Em casa estou com mais devoção do que na igreja", explica.
Este ano, as cerimónias religiosas em Fátima têm este início na terça-feira, dia 12, e serão presididas pelo cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga , arcebispo das Honduras e presidente da Caritas Internacional .
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