Falta muito pouco para a plataforma Wilkins, um bloco de gelo com 415 km2 na Antárctida, desaparecer no oceano, vítima do aquecimento global.
Uma gigantesca plataforma de gelo com 415 km2, quatro vezes superior à área de Paris, está a desintegrar-se na Antárctida. Os cientistas dizem que o colapso é eminente e que só por milagre isso ainda não aconteceu.
O fenómeno agravou-se este ano. "Viemos à plataforma Wilkins para vê-la morrer, o que pode acontecer a qualquer minuto. Eu não esperava presenciar isso tão depressa", disse David Vaughan, cientista da BAS- British Antarctic Survey, o organismo que monitoriza a região.
Boa parte da plataforma está protegida apenas por uma faixa de gelo entre duas ilhas.
Segundo Vaughan, se na Primavera passada o bloco já estava ligado por um fio, agora o que o prende à península é "um filamento". Ou seja, uma franja de 40km de largura e 500 metros de espessura no seu ponto mais estreito, o que dá a essa formação um formato de ampulheta. Há 50 anos, essa faixa de gelo que a mantém coesa tinha quase 100 km de largura.
Na melhor das hipóteses, o fim ocorrerá dentro de semanas ou meses. Quando a ponte se romper, o gelo será absorvido pelo mar. Pesquisadores receiam que a ausência da plataforma possa expor glaciares formados por água fresca, cujo derretimento poderá vir a afectar o nível dos oceanos.
Processo de desintegração relâmpago
Originalmente, a plataforma Wilkins cobria 16 mil quilómetros quadrados e permaneceu estável durante a maior parte do século XX. A desintegração começou na década de 90.
Só em 1998 houve uma separação de blocos de um total de 1 000 km2, em questão de meses. Mas mesmo já tendo perdido um terço da sua superfície, a Wilkins ainda tem uma área equivalente à da Jamaica. A Antárctida tem enfrentado um aquecimento sem precedentes nos últimos 50 anos, de quase 3ºC. Em torno da plataforma em desintegração, vêem-se icebergs gigantescos no mar, onde focas vagueiam à deriva sobre blocos de gelo.
Em 1993, Vaughan fez uma previsão de que a porção norte da plataforma desapareceria dentro de 30 anos. O pesquisador foi enviado pela British Antarctic Survey ao local para registar imagens mais próximas do que as obtidas por satélite.
Na segunda-feira passada foi a primeira vez que um avião aterrou perto da parte mais estreita da plataforma Wilkins. E provavelmente a última.
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