O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, defendeu que Israel deve libertar de imediato os mais de 500 civis que permanecem detidos dos perto de 700 que seguiam nas embarcações atacadas quando tentavam chegar a Gaza.
“Junto a minha voz aos apelos das Nações Unidas e da União Europeia na defesa de um inquérito rápido, imparcial, credível e transparente sobre o incidente” que causou a morte a pelo menos nove pessoas, quatro delas turcas, e deixou feridas algumas dezenas, disse Rasmussen num comunicado publicado no fim de uma reunião dos embaixadores da NATO pedida pela Turquia.
“Em primeiro lugar, peço a libertação imediata dos civis e dos barcos detidos por Israel”, disse ainda Rasmussen.
Algumas dezenas de activistas que seguiam nas embarcações que transportavam 10 mil toneladas de ajuda para a Faixa de Gaza já foram deportadas para os seus países. Mas muitos recusaram assinar os papéis de expulsão e, segundo Israel, são considerados imigrantes ilegais. Estão detidos e estarão a ser interrogados, diz a AFP.
A ONU considera que a interpelação destas pessoas, em águas internacionais, não tem base legal. O ministro irlandês dos Negócios Estrangeiros, Michael Martin, condenou a detenção “inaceitável” de setes cidadãos irlandeses: "Estas sete pessoas não entraram em Israel ilegalmente; foram antes capturadas em águas internacionais, transportadas para Israel e convidadas a assinar documentos que confirmam que entraram no país ilegalmente. É completamente inaceitável”.
Vários países têm pedido a libertação dos seus cidadãos. De acordo com as autoridades israelitas, havia nos navios pessoas de 38 nacionalidades. A Turquia tem 380 cidadãos detidos e o principal alvo do ataque israelita foi um barco de bandeira turca.
Os Repórteres Sem Fronteiras pediram por seu turno a lista de jornalistas detidos durante o ataque à frota de embarcações turcas e gregas. A organização disse ter contabilizado 15 jornalistas estrangeiros que “ainda não conseguimos contactar directamente”.
Ambiente tenso.
Para além da NATO, esteve reunido o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Dos dois encontros chegam descrições de um ambiente tenso. No Conselho da ONU não foi possível aprovar qualquer resolução, o que só deverá acontecer amanhã: os membros tentarão “preservar o consenso”, disse à AFP um diplomata, pelo que o texto nunca pedirá sequer um inquérito internacional, “uma linha vermelha que Israel não aceitará”.
Sem Israel à mesa, na NATO o principal confronto aconteceu entre a Turquia, país que se considera directamente visado pelo assalto dos comandos e que já acusou Israel de “terrorismo de Estado”, e os Estados Unidos, que têm recusado condenar Israel. O mesmo já acontecera nas 12 horas que o Conselho de Segurança da ONU passou reunido: a declaração final saída dessa reunião condena o ataque, mas não o Governo israelita, como pretendia Ancara.
Para além da Turquia, também a Noruega terá apresentado uma posição especialmente severa no encontro da Aliança Atlântica. Oslo já chamara o embaixador israelita e a ministra da Educação, Kristin Halvorsen, que lidera o Partido Socialista, pediu a todos os países para “seguirem a posição da Noruega que exclui o comércio de armas com Israel”.
Ataque de um Estado.
Em Washington para conversações com a secretária de Estado, Hillary Clinton, o chefe da diplomacia da Turquia assumiu o descontentamento do seu país face à recusa de uma verdadeira condenação a Israel por parte da Casa Branca. “Alguns dos nossos aliados não estão prontos para condenar as acções israelitas. Esperamos solidariedade absoluta. Não devia ser uma escolha entre a Turquia e Israel. Devia ser uma escolha entre o certo e o errado”, defendeu o ministro Ahmet Davutoglu
“Psicologicamente, este ataque é como o 11 de Setembro para a Turquia porque os cidadãos turcos foram atacados por um Estado, não por terroristas, com uma intenção, [depois de] uma decisão clara de líderes políticos desse Estado”, disse ainda o responsável turco.
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