Um dos repórteres assaltados esta madrugada relata o "terror" que sentiu quando os homens armados entraram no quarto onde se encontrava alojado.
"Foi assustador. Foram dois ou três minutos, no máximo, mas pareceram horas. No fim, quando me taparam todo e encostaram ao meu peito a arma uma segunda vez, pensei... já fui", contou à Lusa António Simões, repórter fotográfico da Global Imagens.
Do assalto foram ainda vítimas outros dois jornalistas, um português do Expresso e um espanhol do Marca.
"Estava a dormir. Acordei com um barulho e deparo-me com dois africanos negros dentro do quarto. Um deles aponta-me logo a arma à cabeça. Manda-me estar calado. Pressiona a arma e manda-me encostar para trás. Foi terrível", relatou o jornalista.
"Quando saíram, mandaram-me estar calado e continuar a dormir com a arma ainda apontada. Fiquei hora e meia dentro do quarto à espera de luz do dia para conseguir vir cá para fora", acrescentou.
"Levaram-me 3500 euros, cerca de 500 euros em rands (moeda sul-africana). Fiquei sem telemóveis, documentação, levaram-me o computador, máquinas, lentes, roupa. Apenas fiquei com alguma roupa no quarto".
António Simões disse ainda estar "chocado" com as condições em que o grupo de jornalistas viajou: "é surreal terem-nos metido aqui numa quinta sem telefones do quarto e segurança alguma. Por onde temos passado, vemos muros altos eletrificados e segurança. Impensável terem-nos colocado aqui".
"É das tais coisas que pensamos que só aos outros acontece. Toda a gente quer mudar de sítio. Ninguém quer ficar aqui hoje. Tenho uma filha em quem pensei. Penso também nos emigrantes que têm sido mortos na África do Sul. Pensei que ia ser apenas mais um", concluiu.
A polícia, que acorreu ao local em grande número e foi auxiliada por um helicóptero e cães, já recuperou algum material de António Simões a uns 300 metros da propriedade e prendeu um dos assaltantes, detetado pelo sinal de um telemóvel roubado.
O assalto terá sido levado a cabo por vários homens armados, cerca das 4h locais.
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