“Junto a minha voz aos apelos das Nações Unidas e da União Europeia na defesa de um inquérito rápido, imparcial, credível e transparente sobre o incidente” que causou a morte a pelo menos nove pessoas, quatro delas turcas, e deixou feridas algumas dezenas, disse Rasmussen num comunicado publicado no fim de uma reunião dos embaixadores da NATO pedida pela Turquia.
“Em primeiro lugar, peço a libertação imediata dos civis e dos barcos detidos por Israel”, disse ainda Rasmussen.
Algumas dezenas de activistas que seguiam nas embarcações que transportavam 10 mil toneladas de ajuda para a Faixa de Gaza já foram deportadas para os seus países. Mas muitos recusaram assinar os papéis de expulsão e, segundo Israel, são considerados imigrantes ilegais. Estão detidos e estarão a ser interrogados, diz a AFP.
A ONU considera que a interpelação destas pessoas, em águas internacionais, não tem base legal. O ministro irlandês dos Negócios Estrangeiros, Michael Martin, condenou a detenção “inaceitável” de setes cidadãos irlandeses: "Estas sete pessoas não entraram em Israel ilegalmente; foram antes capturadas em águas internacionais, transportadas para Israel e convidadas a assinar documentos que confirmam que entraram no país ilegalmente. É completamente inaceitável”.
Vários países têm pedido a libertação dos seus cidadãos. De acordo com as autoridades israelitas, havia nos navios pessoas de 38 nacionalidades. A Turquia tem 380 cidadãos detidos e o principal alvo do ataque israelita foi um barco de bandeira turca.
Os Repórteres Sem Fronteiras pediram por seu turno a lista de jornalistas detidos durante o ataque à frota de embarcações turcas e gregas. A organização disse ter contabilizado 15 jornalistas estrangeiros que “ainda não conseguimos contactar directamente”.
Ambiente tenso.
Para além da NATO, esteve reunido o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Dos dois encontros chegam descrições de um ambiente tenso. No Conselho da ONU não foi possível aprovar qualquer resolução, o que só deverá acontecer amanhã: os membros tentarão “preservar o consenso”, disse à AFP um diplomata, pelo que o texto nunca pedirá sequer um inquérito internacional, “uma linha vermelha que Israel não aceitará”.
Sem Israel à mesa, na NATO o principal confronto aconteceu entre a Turquia, país que se considera directamente visado pelo assalto dos comandos e que já acusou Israel de “terrorismo de Estado”, e os Estados Unidos, que têm recusado condenar Israel. O mesmo já acontecera nas 12 horas que o Conselho de Segurança da ONU passou reunido: a declaração final saída dessa reunião condena o ataque, mas não o Governo israelita, como pretendia Ancara.
Para além da Turquia, também a Noruega terá apresentado uma posição especialmente severa no encontro da Aliança Atlântica. Oslo já chamara o embaixador israelita e a ministra da Educação, Kristin Halvorsen, que lidera o Partido Socialista, pediu a todos os países para “seguirem a posição da Noruega que exclui o comércio de armas com Israel”.
Ataque de um Estado.
Em Washington para conversações com a secretária de Estado, Hillary Clinton, o chefe da diplomacia da Turquia assumiu o descontentamento do seu país face à recusa de uma verdadeira condenação a Israel por parte da Casa Branca. “Alguns dos nossos aliados não estão prontos para condenar as acções israelitas. Esperamos solidariedade absoluta. Não devia ser uma escolha entre a Turquia e Israel. Devia ser uma escolha entre o certo e o errado”, defendeu o ministro Ahmet Davutoglu
“Psicologicamente, este ataque é como o 11 de Setembro para a Turquia porque os cidadãos turcos foram atacados por um Estado, não por terroristas, com uma intenção, [depois de] uma decisão clara de líderes políticos desse Estado”, disse ainda o responsável turco.

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