sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dezenas acenaram na despedida do "Senhor do Adeus".

Souberam por amigos, por SMS ou através do apelo lançado no Facebook. Mais de uma centena de pessoas reuniu-se na noite de quinta-feira, a partir das 22h00, na praça Duque de Saldanha, no centro de Lisboa, para acenar aos carros, tal como o Senhor do Adeus fazia “desde sempre”.

Muitos carros respondiam aos acenos com buzinadelas. Alguns turistas paravam para perguntar o que se passava. Na beira do passeio estavam velas acesas. Ao lado destas, Vasco Barbosa, o informático que lançou hoje de manhã a convocatória no Facebook, colou um gato dourado, com um braço eléctrico a acenar continuamente.

“Estou surpreendidíssimo com o número de pessoas”, reconheceu Vasco Barbosa, 30 anos, que desde os 15 mora naquela zona da cidade. “No meu percurso passo por aqui muitas vezes. Não o conhecia bem, mas dizia-lhe sempre boa noite.” E acrescenta: “A cidade está cheia desta gente especial. Quando soube o que tinha acontecido, resolvi lançar isto no Facebook”.

Houve quem fosse até ao Saldanha com a família inteira. É o caso de Ricardo Machado, lisboeta de 37 anos, que estava na companhia da mulher e dos três filhos. “Eles não se lembram”, diz, apontando para as crianças. “Eu lembro-me dele desde sempre”. Tal como Susana Sintra, 24 anos, que “sempre que via o senhor, fazia questão de dizer adeus”.

Entre o grupo de pessoas que se juntaram no Saldanha estavam alguns rostos conhecidos. O advogado Ricardo Sá Fernandes, na primeira linha, junto à estrada, acenava, visivelmente comovido. “Estou muito comovido”, reconheceu. “Era um senhor muito simpático. Isto é muito bonito”, disse, sem deixar de acenar para os carros que passavam.

Mais atrás, estava o escritor Rui Zink. “Este é o melhor velório a que vim nos últimos anos. E eu já estou a ficar habituado a velórios. Provavelmente é o melhor a que alguma vez irei”.

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