Centenas de imigrantes foram hoje retirados da cidade de Rosarno, na Calábria, Sul de Itália, após os violentos confrontos que duraram 48 horas e de que resultaram 67 feridos. A calma voltou à localidade depois de terem sido mobilizados mais 200 polícias para a região.
A violência começou depois de dois negros terem sido feridos por jovens brancos. Milhares de africanos juntaram-se em frente à autarquia de Rosarno para protestar, houve carros incendiados e vidros partidos, mas hoje as lojas voltaram a abrir. No entanto, a polícia adiantou que, de manhã, outro imigrante foi alvejado e ficou ferido.
“Se não partimos, morremos”, explicou à AFP Francia, um ganês de 25 anos que abandonou Rosarno mesmo sem o salário que iriam pagar-lhe. “Temos medo, já não há nada para nós aqui”, acrescentou Ali, que abandonou a Rosarno sem ir buscar o seu salário de 500 euros.
Das 67 pessoas que ficaram feridas nos confrontos, 31 são imigrantes, 19 são polícias e 17 são italianos que moram na região da Calábria.
O Governo ordenou o reforço policial, mas a tensão entre os italianos que vivem na região e os imigrantes manteve-se e a polícia começou a deslocar os africanos para outros locais. Durante a noite de sexta-feira foram transferidos 320 imigrantes para um centro de acolhimento em Crotone, a cerca de 170 quilómetros de Rosarno. A deslocação de outros 300 está a ser preparada e estima-se que cerca de uma centena tenha fugido pelos próprios meios.
Logo na sexta-feira o chefe da polícia italiana, Antonio Manganelli, ordenou o envio de um reforço policial para a região, de cerca de 200 efectivos, para conter a violência e preparar a evacuação, adiantou o diário Corriere della Sera.
Um jornal de direita italiano, "Il Giornale", pertencente ao grupo de media do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, publicou um editorial em que se lê que “desta vez os negros têm razão”. E acrescenta: “Os imigrantes clandestinos não devem entrar em Itália. Mas, uma vez que cá estão, não os podemos explorar de maneira horrível.”
Em toda a região da Calábria trabalham 50 mil estrangeiros, sobretudo na apanha de fruta, e desses mais de 1500 vivem em fábricas abandonadas. Só em Rosarno estão cerca de 4000 imigrantes, grande parte em situação ilegal, e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados denunciou a situação em que vivem, com “salários de miséria” e em “condições desumanas”.
O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, justificou em declarações ao La Repubblica a violência em Rosarno com o facto de a imigração ilegal ter sido “tolerada durante anos sem que nada tenha sido feito”. Mas o líder da oposição, Pier Luigi Barsani, considerou que os principais problemas são outros: “Máfia, exploração, xenofobia e racismo.”
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